sábado, 31 de dezembro de 2011

Um 2012 de encontros...

Que seja bem-vindo o novo ano! De novo a velha novidade, do ciclo que, quase sempre, se repete. Até que, de repente, seja tudo novo ou velho - demais. Podendo até a ser, de fato, um começo. Ou talvez só o fim. Que seja. Mas, para grande maioria, é sempre o mesmo. O mesmo viver sem lugar. Sem lugar de ser si próprio. Desejo a todos, portanto, não amor, não sucesso, não educação, mas encontro. Encontro consigo ou com o rio. Tanto faz.

Isso porque, constantemente, se vive uma vida que não é viva. Ma(i)s parece ensaiada. Cheia de barreiras e fronteiras invisíveis (ou ilusórias). Onde é preciso de força demais para fazer qualquer coisa que pareça diferente. Tudo para viver de acordo com o que sequer concordamos. Não é exatamente uma questão de egoísmo ou altruísmo. É uma questão de escolhas. E elas estão todas aí.

Às vezes, é como se saíssemos por aí sem O Nariz. E o pior: chegamos a nos convencer que ele é mais importante que nós mesmos. Então, voltamos a nos esconder atrás de qualquer coisa que pareça mais normal. Como se viver fosse qualquer além de excepcional (no sentido mais estrito do termo). Ou como se não pudesse ser justamente o Oposto.

É preciso, portanto, parar de fugir. Fugir dO Processo, desse julgamento sem fim. Que não leva a outro lugar senão aonde já estamos. E, afinal, ser julgado é algo que só nós mesmos podemos permitir. No entanto, tudo permanece tudo muito Confúcio: não ousamos porque as coisas parecem inacessíveis ou as coisas parecem inacessíveis porque não ousamos? Mas só há um jeito de descobrir...

E que não seja preciso se deixar bater as botas (ver vídeo) para que se liberte. Que 2012 seja, enfim, um ano de encontros. Pois, como já dizia o Poeta: "A vida é arte do encontro Embora haja tanto desencontro pela vida".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Battle(,) cry!

Distinguish is a dare
Try not to compare
battles and cries,
every unique that dies

As worse for me
nothing there can be
than the simple very sight
of the war it(sad)self

So among the swords
I cannot think of any
but for Donne's words:

And forget not just
bells ring for none
except for each of us

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Palavras ao vento.

Gostaria de compartilhar esta fábula (possivelmente bíblica), que ouvi quando criança. É uma destas coisas que ficam marcadas na memória, não se é capaz de lembrar a ocasião (ou sequer o nome de seu interlocutor), mas fica a idéia. Que possa marcar, também, a sua memória:

̶  Durante certo desentendimento com um amigo, o critiquei na frente de outros colegas  ̶  confessa um jovem.  ̶  Mas já pedi seu perdão, e fui desculpado.
̶  Muito bem, se desculpar é um grande passo  ̶  conforta o padre.  ̶  Mas, como penitência, gostaria que trouxesse um travesseiro de penas à igreja amanhã.
̶  Um travesseiro?!  ̶  pergunta o garoto, confuso.  ̶  Mas o que posso fazer com um travesseiro na igreja?
̶  Quero que suba na torre, aguarde o soprar do vento, rasgue o travesseiro e deixe que suas penas acompanhem a brisa. Em seguida, busque todas as penas e as traga para mim...
̶  Mas isso é impossível! Nunca vou conseguir recuperar todas as penas!  ̶  diz o jovem, ainda mais assustado.
̶  Pois, assim são suas palavras, meu jovem. Ainda que tenha se desculpado com seu amigo, suas palavras, ainda agora, fluem de boca em boca. E, dificilmente, você poderá corrigir o que foi dito, já que é improvável que descubra quantas vezes suas palavras foram ouvidas e repetidas. Dessa forma, espero que esse exercício sirva para que seja mais atento para o poder que suas palavras podem ter...

Não por acaso, a civilização tolteca já pregava a impecabilidade da palavra como o principal (e o mais difícil) de quatro compromissos na construção do seu sonho pessoal do céu. É um pouco do que tento transmitir em "O meu son(h)eto". O poder da palavra é muito maior do que pode parecer. O que torna o silêncio igualmente poderoso...

Enfim, fica uma pergunta: Que palavras você espalha aos ventos?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu sou sucesso!

Sucesso: êxito, resultado feliz. A busca do homem por sucesso como um objetivo de vida seria, então, perfeitamente razoável, mas, acima de tudo, completamente subjetiva. No entanto, a definição corrente para esse termo tão almejado é tristemente corrompida e vendida (e pior: comprada) por toda uma sociedade, onde, com precisão, Kafka percebe que mesmo as crianças já fazem parte do Tribunal insensato do mundo.

É ainda mais assustador que, mesmo entre a elite intelectual brasileira, a idéia geral de sucesso seja tão limitada. Como pode ser tão difícil perceber que tal conceito, quando relacionado a fama e ao dinheiro, destina todos (ou, pelo menos, a grande maioria) ao fracasso? A própria definição de riqueza é relativa, e, assim, se todos são ricos, são todos pobres. E, da mesma forma, a fama de uma maioria é mesmo que seu anonimato. Logo, Sêneca pode concluir muito melhor que eu: "Ora, nada nos enreda em maiores males do que o fato de agirmos conforme a voz comum. Julgamos ser melhor o que é aprovado pelo consenso geral, e, assim, vivemos a imitação dos inúmeros exemplos que se nos apresentam, e não conforme a razão. Daí provém esse amontoado de homens caindo uns sobre os outros".

E, mesmo aos que acabam chegando lá, a grande verdade é que a riqueza e a fama, muitas vezes, mais aprisionam que libertam, como vem sido pregado por Augusto Cury. E, talvez, seja mesmo necessário que se busque vender (e comprar) novos sonhos, afinal: "Onde está a felicidade que o sistema prometeu para os que atingem o pódio do capitalismo? Onde está a tranquilidade para aqueles que acumularam riquezas?". Enfim, Raul Seixas pode, também, nos servir de testemunha: no auge de seu sucesso (ou seria apenas fama?!), e, depois de tantas dificuldades, ele relatava: "Porque foi tão fácil conseguir E agora eu me pergunto e daí?".

Dessa forma, fica suspeito que esse seja um comportamento como o já registrado por Nietzsche: "Muitos são os obstinados no que se refere ao caminho que tomaram; poucos, no que se refere ao objetivo". Ou, como ouvi certa vez de uma gerente de projetos: "Tudo isso é uma simples confusão entre objetivos e metas!". Assim, parece ficar mais claro: o que o homem busca é a felicidade (ou esse sucesso), e o dinheiro e a fama seriam, no máximo, metas (ou marcos) na perseguição desse objetivo maior. A grande questão é, enfim: será que isso está tão claro na vida contemporânea?

Ainda, pode ser plausível que um dos motivos para tal desvio seja consequência inevitável da evolução humana, e, certamente, o é. Talvez, um fruto da essência egoísta da vida humana, como acreditava Schopenhauer, ou mesmo da sua crença do prazer: "só existe prazer no uso e no sentimento das próprias forças". E como sentir essa força senão comparando a si mesmo com o próximo? Mas, como foi visto, essa comparação sempre há de agradar apenas a uma minoria, já que não existe um melhor sem um pior... Em conclusão, Schopenhauer também acreditava que o homem era guiado essencialmente pela Vontade, e não pela Razão. Mas já não será o tempo de deixarmos essa Vontade (ou instinto) um pouco de lado e nos pautarmos um pouco mais pela razão? Ou de nos guiarmos um pouco segundo a ação coletiva e o equilíbrio de Nash?

Bem, diante de tantos questionamentos, posso responder a um: sim, eu sou sucesso. E é bem mais fácil do que possa parecer. E, afinal: não seria uma das coisas mais belas da vida justamente esse caráter único da personalidade humana?

sábado, 5 de junho de 2010

Não me entenda mal...

Seja mais chato!
Questione uma vez mais.
Então, que mal pode haver
Pr'uma melhor conclusão?

Também, mais burro!
Ainda que soem banais,
Escolhas valem, sequer,
Uma breve reflexão.

Persistente ou teimoso?
A diferença é fugaz!
Indevido, de fato, é se ater,
Optar sem convicção.

Todo subentendido,
Provável desentendido, traz.
A expectativa alheia saber
Não é mais que suposição.

Julgue inofensivo, (!)
Um mal entendido, ou dois.
Mas quanto do viver
É de sua decisão?

Esteja sempre atento!
Cada escolha é capaz
De valer todo o ser,
Ou tornar tudo vão.

Assim,
Não me entenda mal...
Sou chato,
Com razão...